quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A MARCHA DO IV REICH


Por Pedro Manuel Pereira
Quantos criminosos de guerra nazis foram condenados pelo Tribunal de Nuremberg?...
Se o leitor não se recorda nós dizemos-lhe: não chegaram a vinte.
Posteriormente, nas décadas que se seguiram, os esforços dos caçadores de criminosos nazis, sendo o mais destacado deles, Simon Wiesenthal, em conjunto com os serviços secretos israelitas, conseguiram assassinar ou levar o julgamento mais umas poucas centenas.
Recordemo-nos que a Alemanha com uma população de 70 milhões de habitantes, eliminou de forma sistemática e organizada, mais de 6 milhões de homens, mulheres e crianças, na sua maior parte judeus, mas também, opositores políticos ao Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores, também conhecido como Partido Nazi, nomeadamente comunistas, ciganos, eslavos, negros, homossexuais…
Procederam a extermínios em massa nos países, nos territórios que as suas botas calcaram, em especial através do recurso às câmaras de gás dos campos de concentração tristemente célebres como os de Auschwitz (Polónia), Dachau (Alemanha), Mauthausen-Gusen (Áustria) Buchenwald (Alemanha), Sachsenhausen (Alemanha) Bergen-Belsen (Alemanha) e Treblinka (Polónia), entre outros.
De reter que «o Nacional-Socialismo foi uma forma de Socialismo quase indistinguível do comunismo, com a única distinção a ser o facto de estar restrito à fronteiras geográficas nacionais». (Marrs, Jim, A Ascensão do Quarto Reich).
Finda a 2ª Grande Guerra Mundial em 7 de Maio de 1945, no mês seguinte a Alemanha foi dividida em quatro zonas, controladas pelos três grandes países aliados vencedores – americanos, soviéticos e britânicos - e pelos franceses. A Alemanha e a Áustria, sua vizinha e aliada no concerto do genocídio, foram compelidas a pagar milhares de milhões de marcos de indemnização aos sobreviventes do Holocausto e aos países aliados, dentro do princípio aplicado em todas as guerras de que «quem estraga paga», que se prolongaram ao longo de algumas décadas. Mas este, até acabou por ser um bom negócio para os dois referidos países, porque na verdade nunca pagaram verdadeiramente pelos seus crimes nem por eles houve séria justiça. Diríamos mais: - Não houve justiça.
Cerca de 1,5 milhão de ex-combatentes alemães regressaram ao seu país, provindos de França, Itália e Polónia. Um pouco por toda a Europa, havia ainda 2,5 milhões de prisioneiros: soldados, oficiais, políticos e colaboradores nazis, de entre os quais se encontravam os responsáveis por um conflito bélico que causou pelo menos 40 milhões de mortes.
Para punir os criminosos de guerra, foram mobilizados cerca de 40 mil funcionários públicos americanos, franceses e britânicos: centenas de escriturários, advogados e juízes. Só na zona americana, foram criados 545 tribunais civis para analisar 900 mil casos.
De 20 de novembro de 1945 a 1 de outubro do ano seguinte, o Tribunal Militar Internacional de Nuremberg decretou 11 condenações à morte, três prisões perpétuas, duas sentenças de 20 anos de prisão: uma de 15 e outra de 10 anos. Três acusados foram absolvidos. E ficou por aqui. Nos dois anos que se seguiram ao julgamento, 1 milhão de alemães saíram do país legalmente. Estima-se que outros 100 mil o fizeram de forma ilegal. Entre eles encontravam-se criminosos, carrascos e genocidas. A quase totalidade ficou impune até aos dias de hoje.
Antes do final da guerra, os líderes nazis elaboraram planos secretos para salvar a própria pele. Entretanto, pesquisas recentes demostram que esse tipo de iniciativa – as chamadas «Ratlines» - foi responsável pela aprumada rota de fugas da Europa com a conivência de governos de alguns países e instituições, nomeadamente do clero católico, conseguindo pôr a salvo centenas de milhar de nazis, incluindo altas patentes militares, da Gestapo e das SS, que foram para os Estados Unidos da América, Argentina, Chile, Brasil… ao abrigo de um projeto secreto denominado Projeto Paperclip. Entrementes, os nazis do topo da hierarquia, a que se juntaram jovens fanáticos protegidos, irão usar o fruto da rapina e dos saques que efetuaram pela Europa para criar 750 empresas estrangeiras de fachada: 58 em Portugal, 112 em Espanha, 233 na Suécia, 35 na Turquia, 98 na Argentina e 214 na Suíça, este último país, centro bancário de eleição de gestão do dinheiro nazi, antes, durante e depois da guerra. Aliás, os bancos suíços financiaram as operações secretas de vigilância em Espanha e Portugal.
O mais irónico nesta história é que a Organização Policial para o Crime Internacional, conhecida como INTERPOL, desde as suas origens em 1924, até ao final da guerra, foi liderada por alguns dos mais notórios criminosos de guerra nazis tais com, o SS Reinhard Heydrich, Artur Nebe e Ernst Kaltenbrunner.
Até ao presente, «os oficiais da INTERPOL recusam-se a perseguir criminosos de guerra nazis, afirmando que tal ação está para além da sua jurisdição». (o.p., A Ascensão do Quarto Reich).
Como é que não havia de estar – dizemos nós – se a ONU teve – para cúmulo da pouca vergonha - como Secretário-Geral Kurt Waldheim, há bem poucos anos, um ex-oficial nazi ?...
Acontece que imediantamente após o final da guerra, os americanos, através dos fundos de reconstrução do Plano Marshall e outros financiamentos aliados, entraram na Alemanha e na Áustria reparando infra-estruturas, unidades industriais e serviços de importância vital, pese embora a divisão da Alemanha, que só terminou com a queda do Muro de Berlim em 1989.
É no contexto da reconstrução europeia que nasce a Comunidade Económica Europeia (CEE), com a assinatura do Tratado de Roma, depois de percorridas outras etapas de associação económica entre diversos países do velho Continente. Saliente-se que, a formação do Mercado Comum, foi criada nas reuniões do Grupo Bilderberg. Continuando a marcha para a unificação europeia, em 1992, com a assinatura do Tratado de Maastricht, a palavra «Económica» foi apagada da denominação oficial. A partir de 2000, a União Europeia encontra-se já composta por várias instituições económicas, políticas e judiciais, em que se inclui o Banco Central Europeu, o Parlamento Europeu, o Tribunal de Justiça da União Europeia e uma moeda única: o euro.
A visão nazi para uma Europa unificada, tornou-se – quase - realidade.
Nos tempos que correm, o presidente do Irão, Mahamoud Ahmadinejad e outros líderes árabes que o seguem, arrastam consigo multidões inflamadas afirmando que a Alemanha e os fascistas de Itália, França e Espanha, que se aliaram aos nazis, não pagaram os seus pecados porque o Holocausto não existiu, quando na verdade, este foi o episódio mais trágico e sinistro da história da Humanidade.
É, portanto, dentro desta – cínica – lógica de ideias que consideram que os palestinianos são o bode expiatório dos judeus através de Israel.
Uma das recentes propostas de paz para o Médio Oriente – de entre muitas outras – é a dos palestinianos ficarem com a Cijordânia e Gaza para formarem um Estado independente e os judeus ficarem com Israel tal como existia antes da delimitação das fronteiras de 1967, mais o… Estado alemão da Baviera.
Efectivamente a Alemanha e a Áustria foram as nações reponsáveis pelo Holocausto, mas apresentaram a factura aos outros. Como é que escaparam?...
A lógica que parece prevalecer encontra-se no vexame do Tratado de Versalles, celebrado em 1919, que pôs fim à 1ª Grande Guerra Mundial, punindo os alemães de forma desproporcionada e irrealista, que além do colapso económico e estrutural viram mortos 1/10 da sua população. Com o término da guerra, este país entrou em colapso, de tal ordem que irá dar origem à queda da República de Weimar que se havia formado no final do conflito bélico. Notícias e fotografias da época, mostram-nos oficiais do exército sentados nos passeios a pedir esmola e donas de casa a empurrarem carrinhos de mão carregados de notas de marcos para poderem comprar pão ou umas batatas, somados a uma taxa de desemprego brutal, fome e miséria. É no seio deste caldo explosivo que nasce o III Reich e o seu chefe supremo, Adolf Hitler, guindado ao poder por plebesticito popular, em eleições democráticas, portanto.
Recentemente, as autoridades alemãs «descobriram» que existe uma organização denominada de Nacionais Socialistas na Clandestinidade, Tudo rapaziada jovem de extrema-direita, nazis, isto depois de ao longo de vários anos se terem vindo a verificar vários atentados e crimes contra cidadãos emigrantes, alguns deles sem rosto de culpa até hoje. Curioso que, segundo o Frankfurter Allgemeine, um agente secreto alemão especializado na luta contra os grupos de extrema-direita e neonazis terá ajudado o referido grupo a matar emigrantes.
Acrescente-se que o aumento de grupelhos de extrema-direita racistas tem vindo a aumentar nos últimos anos, junto das camadas jovens alemãs.
Entrementes, a chanceler Angela Merkel vem classificando o terrorismo de extrema-direita alemã de «vergonha nacional». A verdade é que a polícia e os serviços secretos alemães ao longo deste anos têm-se mostrado «incompetentes» (?) para lidar com este fenómeno.

sábado, 19 de novembro de 2011

CRÓNICA DE UM PAÍS QUE NÃO EXISTE II - AS FAMIGERADAS SOCIEDADES SECRETAS

Por Asdrúbal da Purificação

As sociedades secretas no País-Que-Não-Existe são uma verdadeira praga, um flagelo dos deuses. Controlam todos os sectores de atividade profissional e política e os seus filiados são transversais aos estratos sociais e filiações partidárias.
Para ilustração dos leitores, passamos a escalpeliza-los sumariamente, para que fiquem sabedores de qual é qual e quem tem exercido e continua a exercer um poder tentacular nos mais diversos sectores da sociedade.
As atividades que estas agremiações desenvolvem, têm contribuído fortemente para o empobrecimento, a miséria crescente e o embrutecimento das massas amorfas, acéfalas e canhestras deste pobre país.
Aqui vão elas:

GLCDM – Grande Loja do Conselho de Ministros: – O povo é desconhecedor, não sabe o que se passa nas reuniões semanais e secretas desta sociedade iniciática, que existe em Portugal em versão revista e aumentada, desde Abril de 1974. O que se sabe e que o povo sente na pele como vergastadas após cada sessão dos membros desta agremiação é o resultado dos seus «cozinhados» em segredo. Normalmente antes de se reunirem nos seus conciliábulos, às sete trancas fechados, prometem publicamente irem tomar decisões para bem do povo e depois dessas sessões satânicas - ou lá que demo são elas!... - proclamam medidas precisamente ao contrário, agredindo os cidadãos com decisões em tudo semelhantes a assaltos à mão desarmado aos bolsos das pessoas honestas e trabalhadoras.
É composta por uma única loja que se situa nos esconsos de um cano de esgoto desativado, de proporções gigantescas.
Os «irmãos» desta seita, quando nela são admitidos, na sua maior parte vivem do rendimento do trabalho que exercem e por isso, possuem pouco dinheiro em depósitos bancários e outros bens que se saiba. Quando deixam a organização – normalmente «empurrados» para fora – mesmo que por poucos anos tenham assumido tarefas, verifica-se, publicamente, que no decorrer desse tempo aumentaram exponencialmente o seu pecúlio. Entrevistado por nós, Romualdo Pancrácio, ex-membro desta organização, responsável pela pasta da Agricultura-Que-Não-Existe, confidenciou-nos que depois de ter sido expulso da mesma, começaram a «chover» os convites para ser consultor, administrador e outros «dor» mais, de grandes empresas. - Quase que ia morrendo afogado!... - salientou, rindo-se alarvemente como um asisino. A partir de então tem engordado os seus cabedais a olhos vistos e… não vistos. Concluiu dizendo-nos que mais importante que ser «irmão» da seita, é ser «ex-irmão».

GLECAEM – Grande Loja Esotérica dos Conselhos de Administração das Empresas Municipais: - Esta sociedade secreta é das mais temíveis, assim a modos como a Formiga-Branca ou a Legião-Vermelha, que foram organizações iniciáticas terroristas ao serviço de partidos políticos em tempos de antanho da estória do País-Que-Não-Existe. Esta Grande Loja também o é.
As suas lojas encontram-se espalhadas como carraças, ao longo do corpo deste país como uma doença venérea e a sua sede é numa antiga ETAR situada algures na região da Alcagoita.
Os seus membros, invariavelmente são cooptados entre os indivíduos de segunda linha, os mais imbecis, os mais néscios, no seio dos partidos do Centrão.
Uma das condições fundamentais para serem iniciados é possuírem um coeficiente de inteligência ao nível dos orangotangos, a outra é serem subservientes, profissionalmente e socialmente inadaptados e incompetentes.
Reúnem onde calha, longe da indiscrição dos profanos, em dias e horas desconhecidas do comum dos mortais.
Dadas as fugas de informação obtidas por nós junto de dois «ex-irmãos» dissidentes que vivem a monte com nomes falsos, com a promessa de os ajudarmos a fugirem para a República da Cagalhota ficámos conhecedores de alguns dos rituais das suas sessões, que passam sempre pela ingestão de grandes comezainas regadas com vinhos especiais de reserva, acamadas com whiskies velhos de mais de trinta anos e muitos e sonoros arrotos.
Os «irmãos» desta seita secreta, depois de nelas serem admitidos, ocupam-se afanosamente da angariação de dinheiro em grandes quantidades, «sem dó nem piedade» para com qualquer mortal ou empresa, recorrendo a inimagináveis eventos e outros expedientes escabrosos, a fim de proverem ao seu sustento e ao de outros «irmãos» que tem mulas para sustentar, iates para manter, casas de praia e de campo para desfrutar e viagens para gozar pelo mundo fora, mais as suas ridentes proles.
É claro que a angariação dos dinheiros é feita primariamente dentro das instituições públicas do País-Que-Não-Existe.

GLSV – Grande Loja do Salto à Vara: - Sociedade secreta que se encontra sediada num paraíso offshore algures nas ilhas Caimão ou coisa que valha. É eclética. Os seus membros são provenientes de todos os estratos da sociedade, como por exemplo, o de um empregado de balcão de um Banco de uma terreola situada nos cús de Judas, que ascendeu de um dia para o outro, quase à velocidade da luz, a banqueiro de um Banco do povo, ou ainda, a de um próspero sucateiro que enfadado de ser milionário se tornou mecenas, dedicando-se à oferta de robalos, alheiras, Mercedes topo de gama e outras prendas, a pessoas financeiramente débeis e carenciadas, em particular a administradores de empresas públicas, do País-Que-Não-Existe.
Até ao momento não conseguimos obter informações sobre os rituais das suas sessões – aliás, secretíssimas – sabendo, no entanto, que utilizam basicamente os telemóveis para comunicarem em código frequentemente entre si, numa demonstração clara das afinidades, das relações fraternas e do amor filial que os une.

GPAABPB – Grão-Priorado dos Autarcas, Artistas da Bola e Patos Bravos: - Esta sociedade secreta nasceu no País-Que-Não-Existe, pouco tempo passado de Abril de 1974. Os «irmãos» desta benemérita agremiação são maioritariamente oriundos das classes mais desfavorecidas da sociedade que com o tempo enricaram à bruta depois de milhentas almoçaradas e noitadas em boates na companhia de filhas de boas famílias e rapazes honestíssimos. Praticam rituais que são um misto de patuscadas com putas e putas com árbitros; dinheiro com betão e betão com lavandarias de dinheiro. É evidente que, como sociedade secreta que são, guardam rigoroso silêncio sobre os temas abordados nas suas sessões e fora delas, claro.
Em paralelo, a maior parte deles milita nos partidos políticos do Centrão, apoiando financeiramente os mesmos, porque a argamassa que os coesiona é o dinheiro, que como todos sabemos, não tem pátria nem fronteiras e usa uma linguagem universal.
A sede desta sociedade secreta encontra-se localizada na região da Naçôm, e as suas imensas lojas encontram-se ramificadas por todo o território do País-Que-Não-Existe.

GLRBA - Grande Loja Regular dos Banqueiros Mancomunados: - Associação de carácter iniciático, profundamente elitista e, portanto, rigorosamente seletiva em termos de admissão de profanos.
Esta sociedade secreta é tão antiga quanto a atividade das meretrizes. Aliás, há quem pense que estes «irmãos» são todos filhos de prostitutas. Não conseguimos provas de tal, mas, em boa verdade, nada nos indicia o contrário daquilo que a sabedoria popular afirma.
Dominam com mão de ferro todos os sectores de atividade económica e laboral do País-Que-Não-Existe, incluindo o governo deste país. Quase que podemos dizer que são donos de corpos, almas e bens dos cidadãos.
Propositadamente deixámos para o fim a referência a esta sinistra associação, que é de entre as restantes, a primeira, a mais perigosa e da qual dependem as atividades das demais. A sua sede é itinerante, uma vez que não tem pátria nem se regem pelas leis dos comuns mortais. A única lei a que se encontram submetidos é a Lei do Mercado.
Reúnem-se em salões de solo coberto por tapeçarias orientais de elevados custos, com portas fechadas por fechaduras de código e paredes insonorizadas. Faz parte dos seus rituais despejarem cada um deles pelas goelas baixo, em cada sessão, pelo menos uma garrafa de whisky de malte com mais de sessenta anos.
A cooptação dos profanos para serem iniciados na sua organização, é feita no seio da família alargada dos seus membros, os quais se reproduzem entre si como os coelhos. Salvo seja os coelhos… coitadinhos !!!...
Outras das características fundamentais dos «irmãos» desta seita, é não possuírem alma e não conhecerem as palavras «pudor» ou «honestidade», por exemplo.
Tal como os vampiros, alimentam-se do sangue das suas vítimas, que são todos aqueles que não pertencem à sua agremiação, incluindo os membros das outras sociedades secretas.
É uma seita tentacular, implantada em todo o planeta.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

CRÓNICA DE UM PAÍS QUE NÃO EXISTE I

Por Pedro Manuel Pereira

Lemos em paragonas num jornal diário que «o governo aconselha os jovens a emigrarem». Tornamos a ler, não vá os nossos olhos enganarem-nos. Lemos de novo e não acreditamos, porque se fosse verdade que o governo – um qualquer governo – aconselhasse os jovens do seu país a emigrarem, estaríamos perante o caso de um GOVERNO DE TERRORISTAS SOCIAIS.
Levantamo-nos todos os dias cedo pela manhã, como habitualmente fazemos desde há muitos anos, na chamada «hora-de-ponta», quando a azáfama de todos quantos trabalham, em conjunto com o aumento de tráfego rodoviário, criam (criavam) um rumor de fundo inconfundível.
Este funciona (funcionava) como uma espécie de barómetro da actividade laboral. Começa à 2ª feira de manhã, abranda no sábado a parir da hora de almoço e cessa aos domingos e feriados.
Uma das vias principais da cidade onde residimos habitualmente passa à nossa porta, por onde trepida (trepidava) a vida da urbe.
Acontece que desde há cerca de ano e meio até ao momento, a circulação de pessoas e veículos tem vindo a decrescer rapidamente, de tal ordem que uma destas manhãs - dia de semana de trabalho - acordámos com uma terrível sensação de catástrofe, verdadeiramente angustiante, não pelo barulho que nos chegava da rua, mas pelo silêncio ensurdecedor e … assustador.
Hoje, a azáfama diária – em qualquer dia da semana – tornou-se residual. Esta realidade é fruto de uma significativa redução populacional de cidadãos nacionais e de muitos daqueles que entre nós se encontravam em Portugal emigrados, sobretudo, cidadãos do Leste europeu e brasileiros.
Dos cidadãos nacionais que emigram, efectivamente a maioria são jovens quadros licenciados, que justificadamente procuram meio de sustento e de sobrevivência. Ressalve-se, no entanto, que na maior parte dos casos tiraram os seus cursos nas escolas públicas portuguesas, pagas com os impostos de todos nós.
Atentos a esta pertinente questão, a rapaziada de S. Bento anunciou que vai tomar medidas «importantes»: No próximo ano irá efectuar um corte substancial nas verbas para a Educação, em todos os níveis de ensino, mais significativas no ensino superior público, medida que irá conduzir no próximo ano ao encerramento de dezenas – senão centenas – de cursos e à redução do número de alunos e de professores.
Entre o nosso círculo de amigos e familiares, todos os dias temos conhecimento de mais um que debandou outro país em busca de sustento. Hoje, a hemorragia – e fluxo emigratório - de portugueses para fora de fronteiras, é bem maior e mais rápido que o ocorrido ao longo dos anos sessenta do século XX, e nessa altura, o governo da ditadura não dizia aos jovens para emigrarem. A maior parte deles iam para a guerra colonial, os restantes fugiam à mesma, a salto, em demanda de França, Alemanha, Suíça, Suécia… As mulheres ficavam.
Lê-mos, ouvimos e não crê-mos, nas actuais medidas – que não políticas – económicas com que a massacrada nação portuguesa vem sendo causticada por esta espécie de governo de imberbes.
Quase todos os dias um novo imposto, um corte nas comparticipações do Estado tem sido anunciados, com incidência, sobretudo, nos bolsos da classe média.
É bem certo – diga-se em abono da verdade – que estes gestores são herdeiros da rapaziada dos (des)governos das últimas décadas, em especial dos dois últimos do PS e seus acólitos…
O desconchavo na gestão da coisa pública conduziu Portugal à beira do precipício. Mantém-se a cada vez menos incógnita, se não cairemos nele em breve.
O país está a envelhecer rapidamente. Sem força jovem de trabalho, manietado o seu tecido social e produtivo, mercê de medidas economicistas vesgas do «vale tudo» para cumprir os ditames da chanceler alemã, a classe média continua a afundar-se até atingir níveis de pobreza semelhantes ao de um país do terceiro mundo. Como a miséria atrai miséria, logo a insegurança física, de pessoas e bens, o desemprego, a fome a falta de perspectivas de futuro, irão transformar a curto prazo o país num barril de pólvora.
Face à crise económica instalada, compreende-se que haja agravamento da carga fiscal, mas não se compreende que a rapaziada de S. Bento não tenha – ainda – tomado medidas para encerrar as largas centenas de empresas públicas, empresas municipais, direcções regionais, institutos públicos e fundações que nos últimos anos nasceram em profusão como cogumelos, envoltos em «pornografia política», servindo de albergue espanhol para a malta do centrão se acoitar, sorvedouro de centenas de milhões de euros.
E assim se (des)governa o país: de imposto em imposto até ao imposto final.









sábado, 5 de novembro de 2011

A MALFADADA OBEDIÊNCIA CIVIL

A desobediência civil não é o nosso problema. O nosso problema é a obediência civil. O nosso problema é que as pessoas de todo o mundo têm obedecido às ordens de líderes e milhões morreram por causa dessa obediência. O nosso problema é que as pessoas são obedientes em todo o mundo em face da pobreza da fome da estupidez da guerra e da crueldade. O nosso problema é que as pessoas são obedientes quando as prisões estão cheias de pequenos ladrões... (e) os grandes ladrões estão circulando pelo país. Esse é o nosso problema.

Howard Zinn, Historiador (1922-2010)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O ASSALTO AO TESOURO DE KADAFI

Quando em Agosto deste ano, no início da intervenção armada da NATO no conflito líbio, afirmámos nas páginas da Tertúlia Plural que «…a estória da disputa pelo controlo do petróleo não é mais que fumo atirado para os olhos dos incautos.», [in Kadafi – A Queda de um Beduíno, 22/08/2011], estávamos conscientes e sabedores de que a verdade haveria de ver a luz do dia após a morte do ditador, só que, não nos cabia - não cabe - a nós contar a estória dos próximos capítulos desta espécie de telenovela mexicana dobrada em brasilês.
Os motivos do desaire do líbio são bem mais prosaicos: - A necessidade premente da Europa Comunitária e dos Estados Unidos da América (a braços com uma grave crise económica sistémica) de deitarem a mão ao património, aos depósitos bancários e outros ativos financeiros que Kadafi deixou em países como a Itália, França, Áustria, Finlândia, Alemanha, Grã-Bretanha, Portugal, Espanha, Malta, EUA, Egipto, Tunísia, Omã e várias outras nações africanas.
Segundo o vespertino Los Angeles Times, o ex-ditador enviou para fora da Líbia ao longo de mais de quarenta anos no poder, uma quantia estimada em 200 mil milhões de dólares distribuídas pelos quatro cantos do mundo. É neste contexto – de acordo com o periódico The Telegraph - que o governo da Grã-Bretanha congelou várias contas bancárias, património imobiliário e participações em empresas, detidas nesse país, valor estimado em 20 mil milhões de euros. Na Alemanha tinha um património de mais de seis mil milhões de euros, incluindo participações na Siemens e na BASF; em Itália, possuía ações nas entidades bancárias UniCredit e Fimeccanica; na Áustria detinha 10% do capital da maior fábrica de tijolos do mundo; na Finlândia era detentor de forte participação na Nokia; nos EUA Kadafi possuía mais de 30 mil milhões de dólares em ativos, que contemplam depósitos bancários – atualmente congelados - participações na Exxon Mobill, General Electric, Caterpillar e Citigroup entre outros; detinha 24% da Circle Oil Plc, que é o maior fornecedor de gás natural para o Egipto, Marrocos, Namíbia, Omã e Tunísia.
Já em Portugal – tanto quanto se sabe até ao momento – de acordo com o matutino Público, o beduíno deixou depositados na Caixa Geral de Depósitos um bilião e trezentos milhões de euros (1 bilião, oitocentos e quarenta e cinco milhões de dólares). Ainda de acordo com este periódico, datado de 24 de Outubro, o dinheiro encontra-se em «quatro contas que foram congeladas em Março deste ano ao abrigo das sanções internacionais contra o regime de Kadafi». Este dinheiro foi depositado em 2008.
Recordamos a pertinente notícia da Agência Lusa de 31 de Agosto de 2010: «O primeiro ministro visita a Líbia, quarta feira, pela quarta vez nos últimos cinco anos e meio, frequência que traduz a aposta política do Governo português na intensificação das relações económicas com este país do Magreb».
É bom recordarmos-nos que até aos alvores deste ano, Kadafi, um sanguinário ditador e terrorista, antes reciclado e apaparicado como velho amigalhaço da França, Reino Unido, EUA e outros, era tratado pelo governo de Sócrates com deferência, ou antes, reverência com laivos de subserviência, como um néscio se posta perante uma alimária ajaezada de ouro. E aparentemente o governo tinha razões para isso, a aferir pelas quantias em depósitos no Banco do Estado, restando saber se existem outros depósitos bancários ou investimentos em Portugal do assassinado ditador e de seus familiares.
Entretanto o representante do Conselho Nacional de Transição da Líbia manifestou a intenção do seu país de resgatar o dinheiro depositado na CGD. Porém, como alegadamente existe uma dívida de vários milhões de euros do Estado líbio a empresas portuguesas, dificilmente o dinheiro em depósito lhes será devolvido. Neste sentido, torna-se importante sabermos que tipo de negócios e que empresas portuguesas na vigência do governo de Sócrates, mantiveram relações económicas com a Líbia.
Provavelmente este será o género de resposta que os países onde existam depósitos bancários, ativos financeiros e propriedades do clã Kadafi, irão dar ao governo líbio quando este exigir a devolução dos bens. Para além do mais a NATO tem uma fatura de despesas consideráveis a apresentar ao próximo governo líbio, dada a sua intervenção na guerra, decisiva para a deposição de Kadafi.
Não deixa de ser curioso verificar, que foi precisamente em Março deste ano, quando a Europa Comunitária e os Estados Unidos entraram em grave recessão económica, que as instâncias internacionais se «lembraram» de aplicar sanções económicas à Líbia, dando instruções aos países onde existe dinheiro e bens do clã Kadafi, para os congelar. A hipocrisia e o cinismo da ONU e outros organismos manifestou-se abertamente, ao «descobrirem», então, que a Líbia era governada por «uma ditadura que não respeitava os direitos humanos».
De salientar que em inícios deste ano a CE e os EUA promoveram de igual forma e paralelamente, insurreições populares em vários países árabes como o Egipto (onde os militares estão no poder e os democratas são presos e condenados), Tunísia, Síria, Iémen e outros com menor expressão. Saliente-se que o denominador comum entre eles, à partida, era (é) o facto de serem governados por ditaduras capitaneadas por clãs familiares de sanguessugas cleptocratas, com incomensuráveis fortunas a bom recato em países europeus, africanos e EUA. Kadafi e a sua prol faziam parte desse verdadeiro cartel de malfeitores, que excetuando o seu caso e o de Mubarak no Egipto (deposto primeiro), se mantêm arrimados ao poder com unhas e dentes, enquanto os chefes de governo das potências da NATO assim quiserem… estrategicamente.
Com a captura de Kadafi num cano de esgoto e o seu assassinato sumário pela populaça, quem saiu a ganhar com esta guerra sórdida foram os países onde o mesmo detinha ativos financeiros. Quem perdeu, foi o povo líbio. O tempo o mostrará.

Pedro Manuel Pereira

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

AS MANHAS DOS LARÁPIOS

"Quando você perceber que, para produzir precisa de obter autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno as, pelo contrário, são eles que estão protegidos de si; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que a sua sociedade está condenada".

§ Frase da filosofa russo-americana Ayn Rand (judia, fugitiva da revolução russa, que chegou aos Estados Unidos na metade da década de 1920).

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O ROTATIVISMO POLÍTICO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO

"Estamos no século das luzes, da ciência e do trabalho, e contudo nunca a política portuguesa foi mais fementida [desleal, traiçoeira, pejorativa] e estéril."
"Mal exercemos os nossos direitos políticos. O sufrágio é quase um tráfico, uma burla. A liberdade eleitoral é como em certas paragens de África o negócio dos escravos que se acoberta com o eufemismo do resgate."
"Sobre esta base de torpezas não é possível levantar um edifício de austera autoridade. Legislatura e administração não são muitas vezes senão a organização da burla eleitoral para a exploração da maioria trabalhadora por uma minoraria parasitária."
"É este o regime sob o qual temos vivido, ou, antes, sob o qual vamos morrendo."
"E, para nos fazer perder a consciência do aniquilamento, esta política trás a seu soldo uma legião de falsos apóstolos, que todos os dias espalham aos quatro ventos a fraude intelectual."
"Há ainda algum visionário que imagine que existe dentro deste regime, como princípio de vida, a luta dos partidos? É uma ilusão que se deve desvanecer. Os partidos conluiaram-se entre si."
"São conhecidos os acordos eleitorais, em virtude dos quais os partidos conseguiram mais do que falsificar a eleição: suprimiram o eleitor."

§ - Conferência pronunciada por Bernardino Machado em 26 de Dezembro 1894, na Liga Liberal, subordinada ao título «Guerra ao banditismo político», em pleno período de decadência do rotativismo oitocentista.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

OS RECURSOS ENERGÉTICOS QUE PODEM SALVAR PORTUGAL DA MISÉRIA ABSOLUTA

No sobressolo de uma área geográfica que se estende desde Ourique até aos limites – recém aumentados - da Zona Económica Marítima Portuguesa 1. e se prolonga pela província de Huelva, encontram-se jazidas de gás natural, cujas reservas são muitíssimo superiores ao equivalente a quinze anos de exploração, como foi amplamente anunciado na comunicação social em 2010, para além de enormes reservas de petróleo, sendo que, no mar aberto, encontram-se a poucas centenas de metros do fundo da placa continental marítima.
Hoje, fala-se na exploração de petróleo.
São conhecedores desta realidade os vários governos que têm passado por S. Bento, desde os anos cinquenta do século XX até ao presente, assim como, as várias empresas de exploração destes recursos que ao longo das décadas vêm fazendo prospecção em território nacional.
Sem cuidarmos do passado nesta questão, porque o que nos interessa é o presente e o amanhã que começa hoje, torna-se pertinente questionarmos este jovem governo (ou governo de jovenzitos?), da razão porque o governo não negoceia concessões com as diversas multinacionais do sector, que de resto o vêm contactando desde que tomou posse.
Bem sabemos que a exploração do gás natural é, além de uma questão económica, uma face da geoestratégia política/económica, de acordo com a qual a Europa se obriga – tal como acontece actualmente – a comprar gás natural à Argélia, país que se encontra às portas da Europa, em troca da contenção do fundamentalismo islâmico - expressão maioritária nesse país - reprimido por um governo de ditadura, cleptocrata, sustentado pela União Europeia, com a bênção dos Estados Unidos da América.
Sem a venda do gás natural, que resta à Argélia para exportar?…
É o medo da hipotética invasão da Europa comunitária pelos bárbaros (leia-se: argelinos), que leva esta a comprar o único recurso natural que sustenta a ditadura, logo, a reprimir os fundamentalistas islâmicos.
Nos dias, semanas e meses que seguem, será um excelente exercício estar atento – todos os portugueses em geral e os algarvios em particular – ao desenrolar dos próximos capítulos desta «novela». É que «pelo andar da carruagem», até é bem provável que o governo ceda concessões a empresas estrangeiras para a exploração do gás e do petróleo. Duvidoso é que o povo português venha a beneficiar de tal iniciativa, tal como acontece em Angola, com a exploração do seu petróleo. Esperemos que haja o bom senso, honestidade e um mínimo de patriotismo, sobretudo atendendo à miséria que reina em Portugal, para que a parte portuguesa envolvida na exploração destes recursos, seja, vantajosamente, o governo português e não um bando de cleptocratas.

1. Possui 3 027 408 km², ou seja, 14,9 vezes a área de Portugal Continental. Uma área comparável ao território da Índia.


Pedro Manuel Pereira

sábado, 8 de outubro de 2011

A OFENSIVA GLOBAL DOS GENOCIDAS SOCIAIS #


Por Pedro Manuel Pereira

Há pouco mais de dois anos começou a desenhar-se nos nossos horizontes, sobretudo no mundo ocidental, uma ofensiva gradual sem precedentes sobre os cidadãos em geral, com especial incidência nas classes laboriosas, pequenos e médios industriais, empresários e comerciantes. Enfim, sobre os rendimentos, os direitos e as liberdades de todos e cada um dos cidadãos, afetando em particular a classe média.
Este ataque, proveniente de um governo sombra global*, é claro para todos os estados membros da União Europeia e outras nações, sentindo-o nós, portugueses, em Portugal, no quotidiano, com manifesta preocupação, diríamos mesmo, com angústia, porque o desemprego cresce exponencialmente, a insegurança laboral assume contornos fantasmagóricos e os rendimentos do trabalho são cada vez menores, massacrados que são, os cidadãos, pelos cortes salariais e pela pesada carga fiscal. A fome, a miséria e a criminalidade, alastram velozmente.
Nesta altura, convém salientar que os dirigentes da União Europeia, os chefes de governos e presidentes dos estados que a compõem, limitam-se a cumprir ordens em cadeia emanadas do topo de uma pirâmide, cujo vértice sinistro o comum dos cidadãos não consegue vislumbrar, mas que alguns dos referidos dirigentes políticos conhecem.
Acresce que, há sete anos tivemos conhecimento, que nos anos seguintes (desde então) o modelo de economia global assumiria a face que agora começamos a conhecer, ou seja, o reforço dos oligopólios**; a drástica baixa dos salários reais; o aumento das taxas de juros; a agilização dos despedimentos e/ou supressão de postos de trabalho, até que qualquer estado atinja entre 23% a 25% de desempregados; a redução dos benefícios fiscais das classes média e baixa; o desmantelamento dos serviços nacionais de saúde, de segurança social e de aposentação; o controlo absoluto dos cidadãos através de sistemas informáticos como o cartão do cidadão, os cartões de crédito, os cartões de multibanco e todos quanto contenham chips electrónicos*** e o reforço do controlo dos serviços de videovigilância, tendo estes fatores como objetivos – entre outros -, a aproximação crescente entre as classes média e baixa até que as duas se encontrem ao nível da subsistência mínima.
Na altura, muito embora fossemos alertados por «eurocratas» das nossas relações pessoais, bem posicionados, para o cenário que agora vivemos e o que nos resta viver, pensámos estar a escutar o relato de um filme de ficção científica da série B e por isso, céticos ficámos, uma vez que no horizonte não se vislumbravam nuvens negras. Mesmo que na altura acreditássemos no que ouvíamos e passássemos as informações a outras pessoas, de pouco ou nada adiantaria a transmissão desses informes, sabendo nós que eram afirmações verdadeiramente «fantásticas» para os tempos que então vivíamos.
O tempo se encarregou de nos mostrar que o relato que nos pareceu ficção científica se transmutou em sinistra realidade.
Como vivemos tempos de Trevas, de Ignorância, de Preconceitos e de tiranetes a porem-se em bicos de pés, é dever de todos os cidadãos lutarem contra os mesmos, defendendo a Justiça, a Verdade, a Equidade, a Solidariedade e a justa repartição da riqueza, princípios que estão a ser espezinhados pelos governos da UE, prenhes de políticos cinzentões a condizer com as fardas/fatos que trajam no dia-a-dia, funcionários submissos de tiranos de rosto oculto pelas máscaras de genocidas sociais.
Mas é também dever de todos os cidadãos, combaterem a Opressão; a limitação das Liberdades fundamentais em nome de uma pretensa segurança (?) e de uma modernização dos estados, de carácter claramente duvidoso; o autoritarismo; a corrupção; o saque; os desmandos e o esbulho dos rendimentos do trabalho, dos bens e do património dos europeus em geral e de Portugal e dos portugueses em particular.
Quanto a ideologias políticas dos governos das nações em causa, «estamos conversados». Independentemente do rótulo político e emblema que cada um ostente, governam todos da mesma maneira, ou seja, de acordo com as ordens que recebem de Bruxelas e de Bona e que estes, por sua vez, recebem do governo sombra global.
A política do «memorando contínuo» que se encontra a ser implementada nos estados membros da UE, irá conduzir nos próximos meses à destruição, quer relativa, quer absoluta, da organização tradicional do trabalho, eliminando os quadros intermédios nos mais variados sectores de atividade pública e privada e reduzindo a 10% os quadros superiores.
Desmantelados, assim, os atuais quadros de hierarquias laborais, os trabalhadores passarão a ser geridos a partir de linhas de comando direto, exercido pelas poucas chefias da absoluta confiança dos «fatos cinzentos», quer na administração pública, quer nas fábricas e nas empresas.
Para controlar os trabalhadores nos vários sectores empresariais e do estado, serão reforçados o número de informadores dentro destes, ao estilo das polícias secretas. Novas formas de organização laboral encontram-se a ser criadas dando lugar a novas formas de exploração a custos médios, muito mais baixos que os atualmente em vigor, abrangendo todos quantos labutam, reduzindo os seus salários reais, seja através dos cortes nos mesmos ou do aumentando da coleta sobre os rendimentos do trabalho, provendo a uma crescente acumulação e concentração do capital nos oligopólios.
No caso da produção, incluindo no setor primário, os preços finais para o comprador acompanharão em parte a descida real dos salários, formula expedita encontrada pelos genocidas sociais para que o consumo e os seus lucros não definhem, uma vez que os preços poderão, então, competir com os praticados pelos dos produtos provindos das sociedades industriais emergentes, casos da China e da India, por exemplo.
Em Portugal, Grécia, França, Espanha, Grã-Bretanha e Áustria, o limite de idade para a reforma e as contribuições dos trabalhadores vem aumentado de forma significativa. De igual modo, em Itália, na Irlanda, em Portugal, na Grécia e em Espanha nos últimos meses, os impostos indiretos subiram drasticamente.
Na Polónia, Roménia, Irlanda, Áustria, República Checa, Itália, França, Portugal e Grécia, os salários dos trabalhadores continuam a ser reduzidos em cada mês quer passa, bem assim, como o número de funcionários públicos, quer através da supressão dos postos de trabalho, quer não renovando contratos com trabalhadores que há vários anos se encontram nessa precária situação laboral.
Reputados economistas mundiais de variados quadrantes, admitem que o plano para reduzir a dívida por meio do famigerado «memorando» e as asfixiantes medidas de austeridade, conduzem a um círculo vicioso em espiral, de aumento da dívida pública e de recessão.
Neste momento, a principal preocupação dos governos dos países em dificuldades, é salvar a banca em geral, que navega em mar encapelado, de tal ordem que se socorrem das chamadas «troikas» - casos de Portugal e da Grécia, por exemplo – para com a maior parte do dinheiro emprestado pela trupe a juros incomportáveis ao senso comum, financiarem a banca, não obstante os 500 000 milhões de euros injetados nesta, nos últimos meses, pela UE, que de acordo com as cândidas declarações recentes de Durão Barroso, serviu para salvar as poupanças dos depositantes (?). É evidente que por detrás destas iniciativas se encontra o «fantasma» da bancarrota de 1929, que inúmeros analistas consideram que poderia ter sido evitada se acaso os governos tivessem salvado os bancos da bancarrota.
Todos sabemos, de igual forma, que a ultrapassagem da profunda depressão económica iniciada em Wall Street, só foi superada com a economia de guerra gerada pela entrada dos USA na II Grande Guerra Mundial.
A problemática da dívida pública não se refere apenas ao seu nível, mas também, à despesa acrescida com o seu serviço, a qual, em última análise, determina a incapacidade de um estado para pagar, ou seja, leva-o à bancarrota.
O presidente do Conselho Europeu admitiu que a ansiedade com a gestão da dívida pública dos estados endividados da UE – caso de Portugal – afeta o reforço do euro como divisa internacional e o futuro da Eurozona como um todo, devido ao elevado nível de interdependência das economias.
A salvaguarda da Eurozona e dos principais prestamistas são, portanto, os motivos pelos quais foi necessário celebrar atabalhoadamente um acordo sobre os mecanismos de Estabilidade Europeia e os pagamentos das prestações dos empréstimos aos países endividados.
Segue-se nas próximas semanas ou poucos meses, a revisão de todos os tratados intercomunitários.
O que preocupa o governo sombra global não é tanto a dimensão da dívida portuguesa ou grega, por exemplo, mas a dificuldade de administrar a reação em cadeia em países com a Itália ou a Espanha, tanto mais que um dos seus objetivos primários é salvar o sistema financeiro, instrumento fundamental para a acumulação de capital.
Enquanto as classes laborais, a indústria e o comércio já se encontram a caminho da falência em Portugal e na Grécia e, por consequência, da destruição relativa e/ou absoluta das suas economias, os demais estados membros da UE e os conglomerados mundiais do setor financeiro encontram-se a negociar na sombra, um caminho de bancarrota controlada para as economias destes dois países.
De resto, está bem de ver que tal como o princípio da Física que refere: «matéria atrai matéria na razão direta das massas», o mesmo princípio se aplica à economia, ou seja: «riqueza atrai riqueza na razão direta das massas». De igual modo: «miséria atrai miséria na razão direta das massas». Estes são princípios do mais elementar senso comum, inquestionáveis. Logo, é compreensível que esmifrar o «sangue e o tutano» de um povo – como no caso português – para resolver uma crise económica sistémica, só por si não salvará o país do desastre «anunciado», caso não haja, quanto antes, um esforço coletivo que incentive e facilite o investimento em setores produtivos de base de que o país é deficitário, como a agricultura, com incidência na produção cerealífera, olivícola e outras; no setor das pescas, através da renovação/modernização da decrépita e – quase – artesanal frota pesqueira; na exploração mineira e nas pedreiras; na indústria transformadora/conserveira; na exploração das potencialidades da nossa costa Atlântica; na pecuária e seus derivados: carne, leite, laticínios…; nas energias alternativas: eólica, geotérmica, de marés… e outras.
Entretanto, o governo francês e o governo alemão procuram minimizar a sua participação estatal nos mecanismos de apoio aos estados endividados transferindo uma parte do fardo da reestruturação para os grupos de credores da banca, enquanto o BCE**** e os bancos europeus fazem pressão para que o cancelamento parcial da dívida não ocorra às suas custas. Não obstante a oferta de uma alta taxa de juro, não se encontram satisfeitos, porque consideram improvável o reembolso da dívida; questionam a probalidade de os planos propostos virem a ter êxito.
É enquadrado neste cenário que as reestruturações das dívidas soberanas estão a ser promovidas pelos círculos americanos, os quais vêm intervindo ativamente na competição euro/dólar, como divisas de reserva internacionais.
De qualquer forma, os trabalhadores, os pequenos e médios empresários, industriais e comerciantes, nada podem esperar de positivo do resultado desta luta de galos de capoeira. Qualquer que seja o resultado da mesma, entre os vários patamares do capital e dos estados mais fortes, a ofensiva da classe dominante continuará a manifestar-se afanosamente, procurando a forma de assegurar a força de trabalho mais barata, acelerando as reestruturações, as privatizações e a liquidação da propriedade pública a favor das multinacionais e corporações monopolistas.
Quanto ao reembolso da dívida pública, as várias propostas do governo sombra diferem apenas sobre o quando e como os povos pagarão a conta, na certeza que, com a extensão do período para o reembolso dos títulos, os trabalhadores terão de pagar mais, ao longo de um maior período de tempo, quer a taxa de juro permaneça estável, quer a mesma aumente.
Assim, a questão crucial que se coloca no presente, está em saber que convulsões sociais e políticas se sucederão, no intermezzo***** do patamar de fratura entre o atual modelo económico que se esboroa rapidamente e um novo modelo económico assente noutro paradigma que se nos afigura feroz e desumano.
Quanto às fortunas dos grandes capitalistas, dos grandes milionários a nível mundial, essas, encontram-se asseguradas. Aliás, continuam a engrossar em cada dia que passa à custa do empobrecimento generalizado de milhões de seres humanos, pouco lhes preocupando o futuro destes, uma vez que são detentores de vastos patrimónios e os seus pecúlios encontram-se bem entesourados.
Pensamos que, pelo andamento que leva a conjuntura económica e social que vivemos, não será de excluir a hipótese de guerras civis e/ou globais, o que – por razões óbvias - convém aos oligopólios das mais diversas áreas e aos genocidas sociais, tanto mais que os recursos naturais mundiais em breve se tornarão escassos, caso a evolução demográfica continue ao ritmo diário que atualmente se regista
.

* Sem dúvida que o governo sombra mundial é composto por membros do grupo Bilderberg (quer presentes, quer ausentes, mas membros desta corporação) cuja sessão anual este ano (2012) decorreu em St. Moritz - Suíça, entre 9 e 12 junho. Dos cerca de 130 participantes, 1/3 foi composto por norte americanos, daí o seu peso dentro do grupo. A Europa foi representada por 2/3 dos convivas com particular relevância em número para o Reino Unido, França e Alemanha. Ressalve-se, porém, que os genocidas sociais-mor, esses, mantêm-se na sombra a partir de ondem dão ordens aos senhores do Grupo Bilderberg e estes, por sua vez, aos que estão por baixo e assim por diante até à base da sinistra pirâmide. Eis a lista dos membros presentes no referido meeting:
Coene, Lucas, Governador do Banco Nacional de Bélgica
Davignon, Etienne, Ministro de Estado
Leysen, Tomás, Presidente, Umicore
China
Fu Ying, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros
Yiping Huang, professor de Economia do Centro para Pesquisa Económica da China, a Universidade de Pequim
Dinamarca
Eldrup, Anders, CEO da Dong Energy
Federspiel, Ulrik, Vice-Presidente para Assuntos Globais, Haldor Topsoe A/S
Schütze, Pedro, membro da Diretoria Executiva, Nordea Bank AB
Alemanha
Ackermann, Josef, presidente do Conselho de Administração e do Comité Executivo do Grupo, Deutsche Bank
Enders, Thomas, CEO da Airbus SAS
Löscher, Pedro, Presidente e CEO da Siemens AG
Nass, Matthias, chefe correspondente internacional, Zeit Morir
Steinbrueck, membro do Bundestag, ex-ministro de Finanças
Finlândia
Apun, Matti, Diretor de Negócios da Finlândia e EVA Fórum Político
Johansson, Ole, presidente da Confederação das Indústrias EK finlandesa
Ollila, Jorma, presidente da Shell holandesa
Pentikäinen, Mikael, Editor e Chefe Sénior Editor,
França
Baverez, Nicolás, Partner, Gibson, Dunn & Crutcher LLP
Bazire, Nicholas, Diretor-Geral do Groupe Arnault / LVMH
Castries, Henri de, Presidente e CEO AXA
Lévy, Mauricio, Presidente e CEO da Publicis Groupe S.A.
Montbrial, Thierry de, Presidente do Instituto Francês de Relações Internacionais
Roy, Olivier, Professor de Teoria Política e Social, Instituto Universitário Europeu
Inglaterra
Agius, Marcus, Presidente, Barclays PLC
Flint, Douglas J., Presidente do Grupo, HSBC Holdings
Kerr, John, membro da House of Lords, Vice-Presidente, Shell holandesa
Lambert, Richard, Diretor independente não-executivo da Ernst & Young
Mandelson, Peter, membro da Câmara dos Lordes, presidente do Conselho Mundial
Micklethwait, Juan, Editor Chefe do The Economist
Osborne, George, Ministro de Finanças
Stewart, Rory, Membro do Parlamento
Taylor, J. Martin, Presidente, Syngenta International AG (Henry R. Kravis, Kohlberg Kravis Roberts & Co)
Grécia
David, George A., Presidente de Coca-Cola H.B.C. S.A.
Hardouvelis, Gikas A. Economista-Chefe e Chefe de Pesquisa, EFG Eurobank
Papaconstantinou, George, Ministro de Finanças
Tsoukalis, Loukas, Presidente, Grisones ELIAMEP Organizações Internacionais
Almunia, Joaquín, Vice-presidente da Comissão Europeia
Daele, Frans van, Chefe do Gabinete do Presidente do Conselho Europeu
Kroes, Neelie, Vice-presidente Comissão Europeia, Comissário da Agenda Digital
Lamy, Pascal, Diretor Geral da Organização Mundial do Comércio
Rompuy, Herman van, Presidente do Conselho Europeu
Sheeran, Josette, Diretor Executivo do Programa Mundial de Alimentos
Solana Madariaga, Javier, Presidente, Centro para a Economia Mundial ESADE
Trichet, Jean-Claude, Presidente do Banco Central Europeu
Zoellick, Robert B., Presidente, Grupo do Banco Mundial
Irlanda
Gallagher, Paul, Senior Counsel, ex-procurador-geral
McDowell, Michael, Conselheiro Senior, Law Library, ex-vice-primeiro-ministro
Sutherland, D. Pedro, presidente da Goldman Sachs Internacional
Itália
Bernabe, Franco, CEO da Telecom Itália
Elkann, John, presidente da Fiat
Monti, Mario, presidente da Universidade Commerciale Luigi Bocconi
Scaroni, Paolo, CEO da ENI
Tremonti, Giulio, Ministro da Economia e das Finanças
Canadá
Carney, J. Marcos, Governador do Banco do Canadá
Clark, Edmund, Presidente da CEO e do Grupo do Banco Financeiro
McKenna, Frank, Vice-presidente, Grupo do Banco Financeiro
Orbinksi, Santiago, Professor de Medicina e Ciências Políticas da Universidade de Toronto
Prichard, J. Robert S., Presidente, Torys
Reisman, Heather, Presidente e CEO da Indigo Books & Music Center Inc., Brookings Institution
Holanda
Bolland, Marc J., Diretor Geral, MarcK e Spencer Group
Chavannes, Marc E., colunista político, NRC Handelsblad, professor de Jornalismo
Halberstadt, Víctor, Professor de Economia da Universidade de Leiden, ex Secretário Geral honorário das reuniões do Grupo Bilderberg
Rainha da Holanda
Rosenthal, Uri, Ministro de Relações Exteriores
Invierno, W. Jaap, sócio da Brauw Westbroek Blackstone
Noruega
Myklebust, Egil, Ex-Presidente do Conselho de Administração da SAS, Sk Hydro ASA
H.R.H. Príncipe herdeiro Haakon da Noruega
Ottersen, Ole Petter, Reitor da Universidade de Oslo
Solberg, Erna, Líder do Partido Conservador
Áustria
Bronner, Oscar, CEO e Publisher, Medien AG Standard
Faymann, Werner, Chanceler Federal
Rothensteiner, Walter, Presidente do Conselho do Raiffeisen Zentralbank Österreich AG
Scholten, Rudolf, Membro da Diretoria Executiva, Oesterreichische Kontrollbank AG
Portugal
Balsemão, Francisco Pinto, presidente e CEO da IMPRESA, SGPS, Ex-Primeiro Ministro
Ferreira Alves, Clara, CEO de CLAREF, Lda., uma sociedade unipessoal.
Leite Nogueira, António, administrador da José de Mello Investimentos, SGPS, SA
Suécia
Mordashov, Alexey A., CEO da Severstal Schweden
Bildt, Carl, Ministro das Relações Exteriores
Björling, Ewa, Ministro de Comércio
Wallenberg, Jacob, Presidente, Investor AB
Suíça
Brabeck-Letmathe, Pedro, Presidente da Nestlé S.A.
Groth, Hans, Diretor Sénior de Política de Saúde e acesso a mercados, Unidade de Oncología de Negócios, Pfizer Europa
Steiner Janom, Bárbara, Chefe do Departamento de Justiça, Segurança e Saúde Cantão
Kudelski, André, Presidente e CEO, Grupo Kudelski SA
Leuthard, Doris, Conselheiro Federal
Schmid, Martín, Presidente, Governo de Cantão
Schweiger, Rolf, Ständerat
Soiron, Rolf, Presidente do Conselho, Holcim Ltd., Lonza Ltd.
Vasella, Daniel L., Presidente, Novartis AG
Witmer, Jürg, Presidente, Givaudan SA e Clariant AG
Espanha
Cebrián, Juan Luis, CEO da PRISA
Cospedal, María Dolores, Secretário-Geral do Partido Popular
Bruta de León, Bernardino, Secretário-Geral da Presidência espanhola
Nin Genova, Juan María, Presidente e CEO da Caixa
Rainha da Espanha
Turquia
Ciliv, Süreyya, CEO da Hizmetleri Turkcell Iletisim A.S.
Domac Gülek, Tayyibe, Ex Ministro de Estado
Koç, Mustafa V., Presidente, Koç Holding A.S.
Pekín, Sefika, Sócio Fundador, Pekín & Bufete Bayer
EUA
Alexandre B. Keith, USCYBERCOM, Comandante, Diretor da Agência de Segurança Nacional
Altman, C. Roger, presidente da Evercore Partners Inc.
Bezos, Jeff, fundador e CEO da Amazon.com
Collins, C. Timóteo, presidente da Ripplewood Holdings, LLC
Feldstein, Martin S., George F. Baker, professor de Economia na Universidade de Harvard
Hoffman, Reid, Co-fundador e CEO do LinkedIn
Hughes, Chris R., Co-fundador do Facebook
Jacobs, Kenneth M., Presidente e CEO da Lazard
Johnson, vice-presidente James A., Perseus, LLC
Jordan Jr., Vernon E. Diretor-Gerente Sénior, Lazard Freres & Co. LLC
Keane, M. João, Senior Partner, SCP Partners, Geral, aposentado Exército americano
Kissinger, Henry A., presidente da Kissinger Associates, Inc.
Kleinfeld, Klaus, Presidente e CEO da ALCOA
Kravis, Henry R., Co-Presidente e CEO da cooperação, a Kohlberg Kravis Roberts &
Co.Kravis, Marie-Josée, membro sénior do Hudson Institute, Inc.
Cheng Li, pesquisador sénior e diretor de pesquisa, John L. Thornton China Center, Brookings Institution
Mundie, Craig J. Pesquisa, Chefe de Estratégia da Microsoft Corporation
Orszag, R. Pedro, vice-presidente do Citigroup Global Markets, Inc.
Perle, Richard N., estudioso residente, do Instituto Empresarial Americano de Pesquisa de Políticas Públicas
Rockefeller, David, ex-presidente do Banco Chase Manhattan
Rose, Charlie, editor executivo e apresentador, Charlie Rose
Rubin, Robert E., Co-Presidente do Conselho de Relações Exteriores, ex-secretário do Tesouro
Schmidt, Eric, CEO da Google Inc.
Steinberg, James B., Secretário de Estado Adjunto
Thiel, A. Pedro, presidente de Gestão de Capital Clarium, LLC
Varney, A. Christine, procurador-geral assistente em temas anti-truste
Vaupel, James W., Diretor Fundador do Instituto Max Planck de Pesquisas Demográficas
Warsh, Kevin, ex-governador, Federal Reserve Board
Wolfensohn, James D. Wolfensohn, Presidente & Company, LLC

A partir de aqui só nos resta tentar «adivinhar» quem serão os verdadeiros mandantes destes.
De entre os temas tratados é de realçar a situação económica e financeira atual. Relativamente às conclusões, destacam-se as de que «a Grécia está morta» e será totalmente incapaz de solver a dívida soberana e os «USA encontram-se na bancarrota» com uma dívida de 14 300 biliões de dólares e mais de um bilião de dólares de défice em cada um dos últimos três anos. O Clube de Bildeberg apoia a estratégia da União Europeia de transferir a gestão da política económico-financeira dos vários países em crise, para entidades financeiras externas, num genuíno conceito de protetorado exercido na prática, neste caso, através do Banco Central Europeu e do Deutsche Bank

** Oligopólio: forma evoluída de monopólio, em que um grupo – ou grupos - de empresas promove o domínio de determinada oferta de produtos e/ou serviços, como a exploração e comercialização de petróleo; extração e comércio de minérios; produção de aço; produção de cimentos; domínio do tráfego aéreo; domínio dos meios de comunicação social; domínio das telecomunicações; dos laboratórios farmacêuticos; da produção de alumínio; da fabricação de plásticos; do sistema bancário; das seguradoras, e assim por diante.

*** O chip eletrónico é um produto da empresa norte-americana Applied Digital Solutions, que tem com objetivo mais amplo, vir a ser implantado no maior número possível de pessoas. Chips com outras capacidades encontram-se neste momento a ser desenvolvidos e usados. Nos Estados Unidos, por exemplo, para aumentar as vendas da multinacional de bebidas Coca-Cola, esta lançou há uns anos atrás, uma campanha de marketing centrada em 120 latas de refrigerantes especiais. A sua aparência e o seu peso não permitiram reconhecer que estavam equipadas com um chip GPS (Global Positioning System). Os «felizes» compradores das latas premiadas deviam identificar-se por telefone notificando o seu achado e transportar a lata sempre consigo até que uma equipa da Coca-Cola os localizasse para os informar sobre os seus prémios. Esta foi uma experiência com êxito. Neste momento, no que reporta a Portugal, quase todos os cidadãos serão georeferenciados através deste sistema, que equipa desde o Cartão do Cidadão até aos cartões de Multibanco e de Crédito.

**** Segue, retirado da internet este texto elucidativo sobre o BCE (Banco Central Europeu): Esta explicação ajudará a acabar de vez com as dúvidas sobre esta organização bancária e suas congéneres:

O que é o BCE?
- O BCE é o banco central dos Estados da UE que pertencem à zona euro, como é o caso de Portugal.
E de onde veio o dinheiro do BCE?
- O dinheiro do BCE, ou seja o capital social, é dinheiro de nós todos, cidadãos da UE, na proporção da riqueza de cada país. Assim, à Alemanha correspondeu 20% do total. Os 17 países da UE que aderiram ao euro entraram no conjunto com 70% do capital social e os restantes 10 dos 27 Estados da UE contribuíram com 30%.
E é muito, esse dinheiro?
- O capital social era 5,8 mil milhões de euros, mas no fim do ano passado foi decidido fazer o 1º aumento de capital desde que há cerca de 12 anos o BCE foi criado, em três fases. No fim de 2010, no fim de 2011 e no fim de 2012 até elevar a 10,6 mil milhões o capital do banco.
Então, se o BCE é o banco destes Estados pode emprestar dinheiro a Portugal, ou não? Como qualquer banco pode emprestar dinheiro a um ou outro dos seus acionistas.
- Não, não pode.
Porquê?!
- Porquê? Porque... porque, bem... são as regras.
Então, a quem pode o BCE emprestar dinheiro?
- Aos outros bancos, a bancos alemães, bancos franceses ou portugueses.
Ah percebo, então Portugal, ou a Alemanha, quando precisa de dinheiro emprestado não vão ao BCE, vão aos outros bancos que por sua vez vão ao BCE.
- Pois.
Mas para quê complicar? Não era melhor Portugal ou a Grécia ou a Alemanha irem diretamente ao BCE?
- Bom... sim... Quer dizer... Em certo sentido... Mas assim os banqueiros não ganhavam nada nesse negócio!
Agora não percebi!
- Sim, os bancos precisam de ganhar alguma coisinha. O BCE de Maio a Dezembro de 2010 emprestou cerca de 72 mil milhões de euros a países do euro, a chamada dívida soberana, através de um conjunto de bancos, a 1%, e esse conjunto de bancos emprestaram ao Estado português e a outros Estados a 6 ou 7%.
Mas isso assim é um "negócio da China"! Só para irem a Bruxelas buscar o dinheiro!
- Não têm sequer de se deslocar a Bruxelas. A sede do BCE é na Alemanha, em Frankfurt. Neste exemplo, ganharam com o empréstimo a Portugal uns 3 ou 4 mil milhões de euros.
Isso é um verdadeiro roubo... Com esse dinheiro escusava-se até de cortar nas pensões, no subsídio de desemprego ou de nos tirarem parte do 13º mês.
As pessoas têm de perceber que os bancos têm de ganhar bem, senão como é que podiam pagar os dividendos aos acionistas e aqueles ordenados aos administradores que são gente muito especializada.
Mas quem é que manda no BCE e permite um escândalo destes?
- Mandam os governos dos países da zona euro. A Alemanha em primeiro lugar que é o país mais rico, a França, Portugal e os outros países.
Então, os Governos dão o nosso dinheiro ao BCE para eles emprestarem aos bancos a 1%, para depois estes emprestarem a 5 e a 7% aos Governos que são donos do BCE?
- Bom, não é bem assim. Como a Alemanha é rica e pode pagar bem as dívidas, os bancos levam só uns 3%. A nós ou à Grécia ou à Irlanda que estamos de corda na garganta e a quem é mais arriscado emprestar, é que levam juros a 6%, a 7 ou mais.
Então nós somos os donos do dinheiro e não podemos pedir ao nosso próprio banco!...
- Nós, qual nós?! O país, Portugal ou a Alemanha, não é só composto por gente vulgar como nós. Não se queira comparar um borra-botas qualquer que ganha 400 ou 600 euros por mês ou um calaceiro que anda para aí desempregado, com um grande acionista que recebe 5 ou 10 milhões de dividendos por ano, ou com um administrador duma grande empresa ou de um banco que ganha, com os prémios a que tem direito, uns 50, 100, ou 200 mil euros por mês. Não se pode comparar.
Mas, e os nossos Governos aceitam uma coisa dessas?
- Os nossos Governos... Por um lado, são, na maior parte, amigos dos banqueiros ou estão à espera dos seus favores, de um empregozito razoável quando lhes faltarem os votos.
Mas então eles não estão lá eleitos por nós?
- Em certo sentido, sim, é claro, mas depois... Quem tem a massa é quem manda. É o que se vê nesta atual crise mundial, a maior desde há cerca de um século para cá. Essa coisa a que chamam sistema financeiro transformou o mundo da finança num casino mundial, como os casinos nunca tinham visto nem suspeitavam, e levou os EUA e a Europa à beira da ruína. É claro, essas pessoas importantes levaram o dinheiro para casa e deixaram a gente como nós, que tinha metido o dinheiro nos bancos e nos fundos, a ver navios. Os governos, então, nos EUA e na Europa, para evitar a ruína dos bancos tiveram de repor o dinheiro.
E onde o foram buscar?
- Onde havia de ser!? Aos impostos, aos ordenados, às pensões. De onde havia de vir o dinheiro do Estado?
Mas meteram os responsáveis na cadeia?
- Na cadeia? Que disparate! Então, se eles é que fizeram a coisa, engenharias financeiras sofisticadíssimas, só eles é que sabem aplicar o remédio, só eles é que podem arrumar a casa. É claro que alguns mais comprometidos, como Raymond McDaniel, que era o presidente da Moody's, uma dessas agências de rating que classificaram a credibilidade de Portugal para pagar a dívida como lixo e atiraram com o país ao tapete, foram... passados à reforma. Como McDaniel é uma pessoa importante, levou uma indemnização de 10 milhões de dólares a que tinha direito.
E então como é? Comemos e calamos?

***** Intermezzo: metáfora para se designar uma peça musical tocada na metade de uma ópera, entre dois atos.

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Comunicação apresentada pelo autor no decorrer do jantar da
Tertúlia Plural, realizado em Portimão no passado dia 7 de Outubro, que contou com mais de duas dezenas de participantes, tendo motivado várias intervenções, todas elas de pertinente e oportuna acuidade complementares ao tema apresentado, em mais uma jornada que decorreu, como sempre, animada pelo reencontro dos participantes que estas nossas iniciativas produzem.
Como em todos estes nossos encontros, a nossa tertuliana Maria José declamou um poema oportuno para estes tempos que vivemos, conforme segue:


SOLIDARIEDADE

Vamos, dêem as mãos.

Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse medo? essa raiva?
Porquê essa imensa barreira
entre o Eu e o Nós na natural conjugação do verbo ser?

Vamos, dêem as mãos.

Para quê esses bons-dias, boas-noites
se é um grunhido apenas e não uma saudação?
Para quê esse sorriso
se é um simples contrair da pele e nada mais

Vamos, dêem as mãos.

Já que a nossa amargura é a mesma amargura,
já que a miséria, para nós, tem as mesmas sete letras,
já que o sangrar de nossos corpos é o vergão da mesma chicotada,
fiquemos juntos,
sejamos juntos.
Porquê esse ar de desconfiança?
esse medo? essa raiva?

Vamos, dêem as mãos.


Mário Dionísio, in Poesia Incompleta, Mem-Martins, Publicações Europa-América.

O próximo encontro terá lugar no dia 4 de Novembro em local a designar oportunamente.


Portimão - Outubro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

"...O discurso público tornou-se obnóxio e insincero. Porquê? Talvez seja porque, no fundo, debaixo de todo este palavreado, tenhamos chegado a um ponto em que sabemos que não sabemos...nada. Mas ninguém está disposto a dizê-lo.
Deixem que vos pergunte. Alguma vez, numa discussão, sustentaram um ponto de vista muito para além do que vos seria confortável? Alguma vez defenderam um modo de vida quando já estavam no limite de o esgotar? Alguma vez defenderam um credo no qual, no fundo, já não acreditavam? (...) A Dúvida requer mais coragem do que convicção, e mais energia; porque a convicção é um lugar de repouso e a dúvida é infinita - é um exercício apaixonado.(...) Podem querer ter a certeza. Analisem esse sentimento. Temos de aprender a viver com uma medida plena de incerteza. Não há última palavra. Isso é o silêncio debaixo do excesso de palavras do nosso tempo
."Jason Patrick Shanley, in" Dúvida" (Peça de teatro que já esteve em cena em Lisboa no Teatro Maria Matos e no Porto, em 2008).

Saber que nada sabemos é um excepcional ponto de partida para uma verdadeira troca de ideias e de encontro entre pessoas que se querem e que não se resignam ao obnóxio e insincero discurso público. Quer isto dizer que o tempo do reencontro chegou. A Tertúlia Plural tem de acontecer e, para tal,já está reservada a noite de 7 de Outubro, com início às 20 horas, para um jantar no "Lugar do Rio".
O debate será provocado pelo tertuliano Pedro Pereira que fará uma intervenção sob o título "A ofensiva global dos genocidas sociais".
Acreditando que nos renderemos a uma nova celebração da palavra, exorto-vos para que compareçam e marquem a vossa presença até à próxima Segunda-Feira, 3 de Outubro, para este endereço electrónico ou para o TM. 969285922.
Não se esqueçam de trazer um amigo também para que o silêncio nunca seja o excesso de ausência.
Aceitem aquele abraço de sempre.


Pel' A Tertúlia Plural
Maria José Vieira de Sousa

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

MEDITEM, CIDADÃOS DA EUROPA COMUNITÁRIA

«UM BOM PASTOR DEVE TOSQUIAR AS SUAS OVELHAS,MAS NÃO ESFOLÁ-LAS»


Tiberius Claudius Nero Cæsar (16 de novembro de 42 a.C. – 16 de março de 37 d.C.)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

REALIDADE PREMONITÓRIA

Sem saudades deste pedaço de terra governado a dias e ao sabor das marés, tive de regressar a ela duas semanas passadas. Para mal dos meus pecados. Sem dó nem piedade.
Creia amigo leitor, que o chamado «país real» com que os nossos afamados profissionais da política emprenham os seus discursos e se masturbam uns aos outros, encontra-se decrépito. Elas são as estradas principais, secundárias e municipais, as ruas, becos e vielas urbanas esventradas, onde torcemos os pés, as pernas e estoiramos as jantes e os amortecedores dos carros. Experimentem circular por exemplo, na cidade a que preside o presidente da Associação Nacional de Municípios - Viseu - ou circular entre cidades, em estradas nacionais e municipais, no Minho e outras regiões. Para estas vias, ideais - e bucólicos - serão os velhos carros de bois, acompanhados pela melopeia do chiar das suas rodas.
Eles são os prédios a cair de podres, entaipados, encardidos, desde que se entra numa localidade até que dela se saia. Os centros das cidades, das vilas, constituem verdadeiros cemitérios de imóveis, pasto de ratazanas e outros animais sem eira nem beira. Sobretudo, deles emana invariavelmente, um fedor a mijo de gato requentado, capaz de impressionar até as narinas dos profissionais da política, sempre tão «preocupados» com a proclamada e exclamada - por eles - sociedade civil. A propósito: será que a razão dessa «classe profissional» regurgitar a miúdo nos seus bestiários discursos e intervenções associadas a frase «sociedade civil», é para se fazer destrinça da «sociedade dos corruptos»?; da «sociedade da cagalhota»?; da «sociedade dos políticos»?; da «sociedade dos medíocres»?... - Afinal quantas sociedades existem em Portugal...
De uma ponta à outra do país, ladeiam as denominadas «estradas» pontilhando a paisagem, imensas naves (fábricas), quais arcas de Noé, que antes produziam e empregavam centenas, milhares de trabalhadores. Encontram-se nos arrabaldes das localidades, das vilas, das cidades, alinhadas umas ao lado das outras às centenas. Todos os dias encerram mais umas dezenas... - Enfim, por estas terras das quais Cristo perdeu o mapa e a que alguns chamam de «cús de Judas», com especial incidência de Lisboa para cima, desorbitadas, obliteradas, como se milhares de obuses tivessem sido desviados no seu trajecto desde o Médio Oriente, Afeganistão e locais onde decorrem conflitos bélicos, para Portugal.
O lixo e a imundície, proliferam por todo o lado, como se fizessem parte integrante da paisagem. Acontece, porém, que ainda há meia dúzia de anos - para não me referir a décadas atrás - este cenário que venho descrevendo e que corresponde a um pálida imagem do imaginável por quem não percorra o país de uma ponta à outra, era impensável.
Pergunto, inocente que sou e ignorante que continuo a ser: onde foram parar os milhões que tem entrado em Portugal desde a sua adesão à Comunidade Europeia?...
Será que foi gasto todo nas auto-estradas?...
Este ano caí na asneira de fazer aquilo que há mais de uma meia dúzia de anos não fazia, ou seja, aproveitar as férias para, em pouco mais de uma semana, dar a volta ao país. De uma ponta à outra, tirando o Algarve, onde vivo todo ano por mor dos meus pecados, parafraseando Fernão Mendes Pinto.
Salvei alguma da minha sanidade mental quando a uma dada altura disse à malta da nau: - Vamos mas é para Espanha, que Portugal já foi!!!. Antes «o mau vento e o mau casamento», que diziam os antigos virem do país de «nuestros hermanos». Salvei, algum tempero cognitivo. Não consegui salvar, alguns episódios de boa disposição, tolerância e esperança que ainda me restavam no arquivo da memória, a propósito deste país que se esboroa a passo acelerado.
Sem remissão.


Pedro Manuel Pereira
NOTA

Escrito em 2009.

UM POVO ACARNEIRADO PELO MEDO

«…90% da população portuguesa vive acarneirada pelo Medo. O medo de perder a liberdade ou de perder o pão, o medo de comprometer o futuro dos filhos ou de ser referenciado pela polícia. E com medo não reage, não pensa, não obedece aos ditames da consciência, nem sequer se furta às manifestações que lhe exigem como condição de segurança individual(…)Uma censura montada para decapitar valores, encobrir escândalos e defender a intangibilidade dos governantes(…)um Exército com a sua organização moral desmantelada por perseguições e favores, amputado dos melhores valores e quase reduzido a tropa cinzenta de ocupação; finalmente, o Medo, a grande instituição do sistema, aprisionando todos os espíritos, esmagando as almas, calando os próprios queixumes da fome e da miséria. E sobre este panorama, pairando a grande altura, também como instituição personificada, a figura intangível do Chefe – o nosso salvador, o maior de toda a História, o homem da última palavra, depositário de todas as verdades e de todos os poderes…».

In Crónica de Horas Vazias, Henrique Galvão *, Livraria Popular Francisco Franco, Lisboa, s/d. (escrito em 1952 nas prisões de Caxias e Aljube).

* O Capitão Henrique Carlos Mata Galvão nasceu no Barreiro em 4 de Fevereiro de 1895 e faleceu exilado em S. Paulo – Brasil, em 25 de Junho de 1970. Participou na instauração da ditadura militar em 28 de Maio de 1926, que abriu as portas ao Estado Novo, regime «inventado» por Salazar. Foi Inspector Colonial, Director da Emissora Nacional, Deputado e um brilhante escritor, hoje, injustamente esquecido, tendo deixado uma vasta bibliografia publicada, desde relatos de viagens a romances e outros. Inconformado com o rumo que os acontecimentos políticos haviam tomado após Salazar se agarrar ao poder com unhas e dentes (mais unhas que dentes…); contra a corrupção e a venalidade dos dirigentes do aparelho do Estado, desmandos a que o Chefe – Salazar, cognominado: «o botas» - fazia «vista grossa» e, sobretudo, depois que Henrique Galvão os denunciou quer aos seus superiores, quer em escritos publicados em jornais. Muito embora fosse um fervoroso católico e anticomunista, de nada lhe valeu o seu currículo passado, como militar e como político, quando com outras personalidades descontentes com o regime, foi preso, como se de um malfeitor se tratasse, bem assim como os restantes indivíduos que com ele se encontravam na altura, pelo facto de terem constituído uma organização cívica denominada O.C.N. - Organização Cívica Nacional, nos termos da Lei e da Constituição. Tinha essa embrionária associação as suas instalações alcandoradas num modesto gabinete de um quarto andar da Rua da Assunção em Lisboa. Mais tarde, tendo fugido sobre prisão, do Hospital de Santa Maria, exilou-se na Venezuela. Em Janeiro de 1961, juntamente com outros exilados políticos portugueses, tomou de assalto o paquete Santa Maria, em pleno alto mar, depois de uma escala na sua viagem para a América Latina. Este Incidente, na época, mobilizou a atenção dos portugueses, bem assim como do resto do Mundo para a feroz ditadura de Salazar, tendo este acontecimento precedido, ou antes, introduzido a prática, que anos mais tarde viria a ser difundida internacionalmente, de sequestrar navios e aviões com fins políticos. Nesse ano, teve início a guerra colonial em Angola, que alastrou posteriormente a Moçambique e Guiné, totalizando treze anos de luta. A tomada de assalto do Santa Maria marcou o início do fim do império português.


Pedro Manuel Pereira

terça-feira, 13 de setembro de 2011

PÁTRIA MADRASTA

Um dia, um grande escritor português do qual não me ocorre o nome, em finais do século XIX dizia que se sentia sufocar em Portugal.
O mesmo me vem acontecendo desde há uns tempos para cá. E a tendência é para se agravar.
Sem constituir metáfora, digo-vos, francamente, que tenho dias em que sinto claustrofobia. Estranho? - Dizem-me os especialistas que é sintoma de pânico.
Uma destas semanas, após dois meses sem daqui sair, entrei mesmo em ruptura. Tive de fugir. Quando cheguei a meio do Alentejo a caminho de Lisboa, a falta de ar começou a passar-me. Duas horas após chegar a Lisboa, abateu-se sobre mim uma tristeza tão profunda como se o céu me fosse cair em cima. Objectivamente sem saber porquê.
O mal não está no Algarve, nem em Lisboa, nem em qualquer outro sítio deste país. O mal encontra-se entranhado no estado de sítio a que a nação chegou. Nas paredes, nas casas, nas instituições, nos portugueses por maioria dos quais existe este governo, que não é mais que uma sua emanação.
Não nos esqueçamos que a maioria deste povo é boçal, manhoso, espertalhão, corrupto, porcalhoto, ladrãozeco, enfim: merdoso.
Essa história do «bom povo português» foi uma invenção salazarista, como tantas outras, estilo: «pobrezinho mas honrado», para legitimar uma ideologia criada à medida da sua vontade de aldeão fora do tempo e do modo.
Vejam bem que nunca gostei do que li alguma vez vertido da pena do António Barreto - o tal ministro da reforma agrária dos tempos do PREC - até agora.
Concordo plenamente com o que ele escreve agora sobre o estado de sítio a que chegou o país. Muito lúcido, sintético e certeiro. Pena é, que não seja mortífero para os visados.
Também o grande poeta Guerra Junqueiro disse em tempos que: «O português tem em pouca conta a sua liberdade».
É uma pecha antiga. A modos que uma fatalidade, como bem se expressou outro poeta, Mário de Sá Carneiro quando escreveu: «Ó meus amigos, que fatalidade é nascer em Portugal!».
Creiam, que tempos muito maus vêm aí. São os eternos ciclos da História. Caminhamos a passos largos para uma ditadura e não me venham dizer que isso é impossível de acontecer em Portugal, pelo facto de estarmos na Comunidade Europeia.
A revolução de 1974 deu-se com o país enfeudado à NATO, à OTAN e outros organismos internacionais que tais e nem «natos» ou quejandas organizações cuidaram da queda do velho regime português.
Por outro lado, é bom recordar que a primeira ditadura europeia do século XX, foi a do Major Sidónio Pais (1917-1918) - a República Nova - que teve os seus seguidores nessa figura e no seu estilo de governação cenografada: - Primeiro Benito Mussolini, que se confessou admirador de Sidónio Pais e depois Oliveira Salazar - e o seu Estado Novo -, Primo de Rivera, Adolf Hitler e por aí fora.Personagens das mais sinistras que a História pariu.
Ironicamente, Portugal tem sido um país vanguardista, só que, para o que de mais sinistro é concebível. Infelizmente.
Podem crer, que por este andar um destes dias serei forçado ao exílio. Que maior exílio que este não posso encontrar neste lindíssimo país feito pátria madrasta.


Pedro Manuel Pereira

CAGANDA GOVERNO ESTE !!!...

Lançadas as bases deste maravilhoso, benemérito e magnificente governo, que trás os portugueses preocupados, mas no fundo, bem lá no fundo do… felizes e contentes, este, inicia a grande tarefa política do nosso tempo, criando um sistema de governação sui generis, ou seja, tirar aos pobres para dar aos ricos. Maravilha da filosofia política e do direito constitucional que fará dele, na história política destes dias e dos que hão-de vir ad aeternum, um dos maiores fenómenos políticos de todos os tempos em todo o mundo. E não é, pelas assombrosas realizações práticas com que tanto nos engrandece e nos enche de vaidade [até nos apetece dizer, cagança] cá dentro e lá fora, sobre todos os pontos de vista. É, sobretudo, no ponto de vista das ideias, na razão pura, no domínio intelectual, porque é aí, de facto, que este governo se revela, quanto a nós, o melhor de todos a nível mundial, prevendo, com faculdades verdadeiramente divinatórias, à distância, os rumos da filosofia política e o mínimo indispensável à defesa do que resta ainda da civilização ocidental.
O grande drama político do nosso tempo consiste, como sabemos, no problema da conciliação da autoridade com a liberdade, mas nestas áreas, também o nosso Venerando governo provê, sem descanso, amor e devoção ao bem-estar dos portugueses, botando – ia dizer: cagando – impostos em profusão sobre os ombros das classes média e baixa.
Os portugueses têm de aprender o que é a disciplina. Prevê-se, que o próximo imposto conciliatório a sair seja a da utilização do isqueiro para acender o cigarrito. É imperativo que se retomem estas maravilhosas leis do falecido e visionário estadista lá das Beiras, como contribuição para a nova ordem nacional. Já agora e a talhe de foice, permitam-nos Vocências, governo da nação, uma sugestão contributiva para a «ordeirice» nacional, que o mesmo é dizer: «manter o povo dentro das baias, como convém». Decretem a imposição de todo o português usar um aparelho fácil de conceber, a colocar nas ventas, assim a modos que um «oxigenómetro», de forma a contabilizar o oxigénio que cada um consome, tal como um taxímetro. Em conformidade, cada cidadão passará a pagar o que é devido pelo maravilhoso ar português que respira, contribuindo para evitar o seu desperdício e ajudando a engordar os cofres do estado, para além de doar a sua quota-parte à «ordeirice» nacional.
Tem-se operado, de facto, com o actual governo, uma verdadeira Revolução Nacional, a que só podem comparar-se, na História pátria, as de 1383 e 1820, muito embora ambas elas lhe sejam inferiores. Do ponto de vista, portanto, deste executivo, é o Regime, o novo estado da nação, que nos une e identifica, havendo manifesta divergência, como aliás sucede no Pais inteiro, quanto às Instituições. Mas é óbvio, conforme deduzimos, que se todos os indivíduos, pessoalmente, são livres para escolherem, em filosofia política, as Instituições, com este fantástico governo, colectivamente, não têm esse problema, porque a sua missão é apoiar a criação de um Regime novo, que faz falta à malta e esta é a hora de o realizar e defender.

NOTA
Escrito em 2009, porém, premonitório, porque se aplica como uma luva ao atual governo.

Pedro Manuel Pereira

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

JUVENTUDE DE PERDIÇÃO ...

«O nosso mundo atingiu um estado crítico. Os filhos não escutam os seus pais. O fim do mundo não pode estar longe». (Sacerdote egípcio, 2000 a.C.)
«Esta juventude está podre desde o fundo do coração. Os jovens são maus e preguiçosos. Não serão nunca a juventude de outrora. Os de hoje não são capazes de manter a nossa cultura.» (Frase descoberta nas ruínas de uma olaria babilónica datada de 1000 a.C.)

«A juventude ama o luxo, é mal-educada, zomba da autoridade e não tem nenhuma espécie de respeito pelos velhos. As crianças de hoje são tiranas. Não se levantam quando um velho entra numa sala, respondem a seus pais e são simplesmente más». (Sócrates, 470-399 a.C.)

«Não tenho nenhuma esperança no futuro do nosso país se a juventude de hoje toma o mando amanhã, porque esta juventude é insuportável, sem moderação, simplesmente terrível». (Hesíodo, 720 a.C.)

Quanto aos jovens, é melhor nem falar. Onde já vai o tempo em que era visto como um sacrilégio um jovem não se levantar perante um idoso? Em resumo, devoção, correcção, rectidão, palavra de honra, respeito, valor, civismo, património cultural, etc. Tudo isso desapareceu. (...) Já não há em Roma mais lugar para um bravo Romano.» (Juvenal, séc. II d.C.)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A MELHOR FORMA DE COMBATER O INIMIGO É TÊ-LO PERTO DE TI

«Se receias que alguém se aproveite da tua ausência para fazer queixas ou espalhar calúnias contra ti, arranja um pretexto amigável e pede-lhe que te acompanhe na viagem, na caçada ou na guerra. Vigia-o e, quando estiveres na sua companhia, à mesa ou noutro sítio, não deixes que se afaste. De igual modo, para evitar que uma nação aproveite uma das tuas expedições para te declarar guerra, leva contigo o escol dessa nação - como se não tivesses aliados mais fiéis -, mas procura que essa gente seja escoltada por um pequeno grupo de homens armados dedicados ao teu serviço.»

Jules Mazarin, in Breviário dos Políticos



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

KHADAFI - A QUEDA DE UM BEDUÍNO

Nesta hora que vos escrevemos, estamos a ser bombardeados com notícias televisivas, da ocupação de Tripoli, na Líbia, pelos revoltosos contra o regime de Khadafi, como o precioso e decisivo apoio da benemérita organização chamada de NATO. Debitam os leitores de teletexto nas pantalhas dos vários canais de televisão, que o presidente desse país se encontra a monte, que é um ditador, um criminoso contra a humanidade e por tal facto deve de ser julgado e mais uns quantos epítetos mimosos, esquecendo(?) tais relatores, que antes de mais, Khadafi foi um terrorista e que nessa qualidade ordenou ou apoiou atentados que causaram a morte de centenas de europeus e outros.
Quanto vale a hipocrisia de países «natosos» como a Grã-Bretanha, a França ou Portugal, por exemplo, que ainda há pouco mais de um ano acolhiam de braços abertos a criatura??? - No caso do rincão lusitano temos ainda presente na retina as «edificantes» imagens do senhor engenheiro a abraçar efusivamente a criatura, como se de um salvador da pátria se tratasse e, como cereja em cima do bolo, o beduíno rodeado das suas matronas guarda-costas ajaezadas de camuflado, aparentadas a vacas loucas malhadas, num repasto realizado numa universidade de Lisboa que o acolheu como se um ilustre académico fora. As imagens de professores a rirem-se e a mastigar rissóis e croquetes misturados com o ditador e a sua horda, abateu-se com profunda tristeza sobre nós, provando-nos que há muitos humanos que ainda não atingiram a fase evolutiva do homus erectus.
Nesta história não há bons nem maus. Tanto os dirigentes europeus como o beduíno, Kadafi são farinha do mesmo saco e a estória da disputa pelo controlo do petróleo não é mais do que fumo atirado para os olhos dos incautos.


NOTA
Esperamos não ver num futuro próximo, imagens degradantes - a todos os títulos - de Kadafi a ser enforcado, como aconteceu com Sadam Hussein.


Pedro Manuel Pereira

sábado, 13 de agosto de 2011

A MARCHA PARA A MISÉRIA

Continuamos à espera - impacientemente - que a malta do novo governo corte verdadeiramente na despesa pública, a começar pela do elenco governativo, indo pelas empresas públicas, empresas municipais, institutos, fundações, direcções gerais, idem regionais e quejandos cois fantasmas, e anuncie medidas de criação de riqueza como por exemplo: encentivos ao desenvolvimento de uma agricultura moderna e eficaz: incentivos à criação de uma frota pesqueira moderna; incentivos à criação de uma frota de transportes marítimos - que já tivemos em força até há trinta anos - de passageiros e carga; incentivos ao desenvolvimento de pólos tecnológicos de ponta nas mais diversas áreas da robótica e da informática, por exemplo, áreas estas em que possuímos uma vasto leque de gente altamente especializada; incentivos à criação de unidades fabris de concentrados de frutos, de sumos e de vegetais; revitalização dos imóveis dos centros urbanos, recorrendo à expropriação sempre que os proprietários não façam as necessárias obras e dêem a devida ocupação aos edifícios e... por aí fora. Há tanto para fazer de forma a evitar que continuemos a ver a nau portuguesa a afundar-se... - Só mesmo por incúria, desleixo, ignorância ou má fé, é que medidas como as que referimos não são implementadas, complementadas com outras formas de combater o desemprego, a fome e a miséria, que continuam a alastrar pelo país fora como fogo à palha. Meus senhores, sem criação de riqueza, esta história de sucessivos aumentos de impostos - como panaceias à penúria gerada pela incontrolável despesa pública - como os que - quase - todos os dias nos têm caído no prato da sopa - para aqueles que ainda comem regularmente - e de despedimentos, irá conduzir rapidamente a nação para a fome, para a miséria e para a falência. O governo pensa - ou aparenta que tal - que o povo pagante são como as vacas leiteiras a quem se espreme o leite das tetas até não dar mais, e o povinho, como não são vacas de ordenha, não podem ofertar leite a suas excelências, quando muito, coliformes fecais... com muito boa vontade!...
Só mesmo uma política económica gizada por imbecis e mentecaptos é que pode imaginar que espremendo com impostos o povo pagante até este se quedar no limiar - e para além - da pobreza, pode gerar emprego e riqueza.
Se não há dinheiro que sobre, depois dos gastos elementares, por parte dos cidadãos, não existe consumo de bens. Logo, as empresas, as lojas e as fábricas fecham, originando falências e desemprego. É assim a modos como que o princípio da física (matéria atrai matéria), logo: «miséria atrai miséria». Ora para governar desta forma uma nação, não são precisos tantos indivíduos agrupados em governo, qualquer dona de casa - com o respeito que nos merecem - os poderá substituir por junto, com inegáveis benefícios em termos de poupança na despesa que vem sendo esmifrada dos bolsos rotos de todos os portugueses.
Se a rapaziada do governo não se sente com forças para inverter a marcha da miséria, aconselhamos vivamente que chupem com força umas pastilhas das que são anunciadas arriba deste texto, até que se faça luz dentro dos seus cérebros e acordem para a realidade.


Pedro Manuel Pereira
O NOVO GOVERNO ADERINDO AO PACOTE DE CRUZEIRO

sábado, 16 de julho de 2011

CARTA DO BRASIL... DE HOJE

Que dizer-te? Aqui no Brasil, que vive uma ditadura disfarçada de democracia, a classe média já quase desapareceu por completo, sendo ocupada por novos ricos que vivem à custa do PT do Lula, apesar da nova presidente, Dilma, estar a tentar inverter erros do passado sem, contudo, alcançar muito êxito. Da Argentina chegam agora notícias de uma denúncia de bomba colocada na sede da Associação de Futebol da Argentina, sediada bem no centro de Buenos Aires, que coordena a Copa da América este ano. Nestes países da América Latina existe um clima de terror igual ou pior que em Angola. Em corrupção nem é bom falar, é coisa que já nem merece muito a atenção da comunicação social de tão trivial se tornou. Assaltos à luz do dia a pessoas, a bancos, a caixas de multibanco, à saída dos bancos, à mão armada a lojas, por telefone, pelo telemóvel, arrastões a prédios com segurança ou não, é diário, assim como o é à noite.
A roubalheira é descarada e a polícia dorme ou come com eles, aliás, os juízes devem também ter a sua parte nos saques. A saúde é uma desgraça por estas bandas, tenhas ou não um convénio com uma instituição prestadora de cuidados médicos, pagas um balúrdio mensalmente e és mal tratado, pelo Estado também não se fica com muita saúde. Os remédios são todos pagos, o Estado aqui tenta não pagar nada pelos medicamentos, para pagar têm-se muitas vezes de recorrer à justiça e se a coisa sair bem, o Serviço Unico de Saúde (SUS) como aqui é chamado, lá paga o medicamento, muitas vezes já depois da pessoa morrer. Os médicos são maus, os cursos são ainda piores. Além destas qualidades intrínsecas da saúde, existe ainda a guerra dos médicos, como é chamado. Os médicos querem muitos doentes dos convénios para ganharem o máximo de dinheiro e então dizem mal uns dos outros, enquanto isso, os Conselhos de Medicina (instituições iguais à nossa Ordem dos Médicos) faz colecção de queixas dos pacientes, não havendo nenhuma condenação.
Só para teres uma ideia, conto-te esta história verídica de um médico que está ao serviço do Estado. Há cerca de dois ou três anos, uma investigação descobriu que o médico Carlos Décio, em associação com um advogado de Leme, do qual não recordo agora o nome, desviavam verbas dos seguros de acidentes viários. Convém explicar que nesta parte do Atlântico, quando se compra um veículo assume-se o compromisso de pagar todos os anos o IPVA, de acordo com a categoria do veículo, que tem embutido o seguro obrigatório, equivalente ao nosso contra terceiros. Pois estes senhores, pagos pelo Estado para fazer as perícias dos acidentes e o levantamento do custo, ficavam com o dinheiro que era destinado aos sinistrados e isto durante anos, calcula a fortuna que acumularam! O advogado foi preso e o médico Carlos Décio fugiu do País para não ser preso, andou foragido um bom tempo e retornou quando tudo estava mais calmo, voltando a ocupar o lugar nas perícias, desta vez no sector de reformas, é ele que faz os exames para as reformas antecipadas. Como vês os bandidos têm proteção, basta terem algum dinheiro.
Claro que a informação que chega até nós é manipulada, até mesmo aquela que muitas vezes chega pela internet, é preciso saber separar o trigo do joio sob pena de errarmos. Existe por aí um Movimento Cívico Português, que foi iniciado por um sujeito do Porto ligado à Democracia Directa. Tentaram através da internet sensibilizar o maior número de pessoas para uma manifestação junto à Assembleia da República, ainda no tempo do Sócrates, apelando à revisão da Constituição. Foi um fracasso, as pessoas que disseram sim, não compareceram e a manifestação juntou uma dúzia de amigos. No entanto o movimento continua na net, com as pessoas a enviarem emails e a falarem no Facebook. Creio que homens e mulheres perderam já a capacidade de sonhar com um mundo melhor, digo isto pelo que vejo ao meu redor. Não existe já uma capacidade de crítica, de indignação, de revolta até. As pessoas estão como os burros, abaixam as orelhas e deixam colocar o cabresto. Há uma associação internacional, denominada Movimento Zeitgeist, podes buscar na net, repleta de sonhos utópicos, é certo, mas sonhos sempre são sonhos, dizia o poeta, e assim tento colaborar com eles, quanto mais não seja injectando o direito da indignação. É pouco, eu sei, mas é o que posso fazer nesta altura do campeonato em que me encontro. Quanto ao dólar, por aqui está nas ruas da amargura, nas últimas notícias o dólar teve a maior perda dos últimos 12 anos. Isto reflete-se no cambio do Euro, uma vez que não existe o cambio directo entre, por exemplo, o Real e o Euro. Quer dizer se quiseres trocar Euros por Reais, eles são convertidos primeiro em Dólares e depois em Euros, caindo o Dólar cai o Euro, um anda a reboque do outro.
Todos os países que fazem parte do Mercusul, tal como a UE, têm políticas muito semelhantes, umas mais duras, caso da Venezuela, outras mais esbatidas, como a Argentina e Brasil. Tentam fazer igualzinho à UE, sem fronteiras, moeda única, etc., mas as políticas sociais e económicas são muito iguais. A miséria continua, as desigualdades são impressionates. Calcula que em pleno século XXI descobriram que existe uma tribo de índios desconhecida bem no meio da Amazónia, perto da fronteira com o Peru, que evita a todo o custo o contacto com a "civilização", têm razão para fugir a sete pés desta civilização ocidental. Descobriram porque precisam de desmatar. Tudo isto é muito pôdre.


G.F.